30.4.09
A Feira do Livro, por Jorge Silva Melo
29.4.09
Feira do Livro
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2ª a 5ª Feira
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Pela primeira vez em muitos anos as alterações são de monta: novas datas, novos horários, novos pavilhões e novos espaços de apoio/restauração, entre outras.
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Quanto aos horários, a antecipação da hora de abertura é excelente, mas encerrar a feira às 20.30 nos dias de semana é uma triste ideia. Uma das coisas mais agradáveis da feira é precisamente o passeio nocturno que proporciona (agora só aos fins-de-semana).
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Quanto às novas datas, temo que antecipar a feira, aumentando consequentemente a probabilidade de haver dias com chuva e frio, possa servir de argumento aos que querem encaixotar a feira na FIL. É uma opção muitíssimo arriscada que seria bom repensar. Pelas suas características esta feira precisa de sol e calor e por isso quanto mais tarde se realizar melhor.
28.4.09
A estupidez do trabalho
“– Por que são a um tal ponto desdenhosos? – perguntou Chloé. – Trabalhar não é coisa assim tão boa...
– Disseram-lhes que é bom – respondeu Colin. – Em geral costuma achar-se que é bom. Mas a verdade é que ninguém pensa assim. Trabalha-se por hábito, justamente para não pensarmos nisso.
– De qualquer forma, é idiota fazer um trabalho que pode ser feito pelas máquinas.
– É preciso construir máquinas – disse Colin. – Quem o fará?–
Oh! Claro! – disse Chloé. – Para fazer um ovo é preciso uma galinha, e uma vez que haja galinha podemos ter uma porção de ovos. Portanto, mais vale começar pela galinha.
– Seria preciso saber o que impede a construção das máquinas – disse Colin. – É, com certeza, falta de tempo. As pessoas perdem tempo a viver, por isso já lhes não sobra nenhum para trabalhar.
– Não será antes o contrário? – disse Chloé.
– Não – disse Colin. – Se tivessem tempo para construir máquinas, depois já não seria preciso fazer mais nada. O que eu quero dizer é que trabalham para viver, em vez de trabalharem para construir máquinas que iriam levá-los a viver sem trabalhar.
– É complicado – concluiu Chloé.
– Não – disse Colin. – É muito simples. A coisa deveria dar-se progressivamente, bem entendido. Mas perde-se tanto tempo a fazer coisas que se gastam...
– Não acreditas que gostassem mais de ficar em casa a dar beijos à mulher, de ir à piscina e a divertimentos?
– Não – disse Colin –, porque não pensam nisso.
– Mas será culpa deles, se pensam que trabalhar é bom?
– Não – disse Colin –, a culpa não é deles. Foi porque lhes disseram: «O trabalho é sagrado, é bom, é belo, é o que acima de tudo conta, e só os que trabalham têm direito a tudo.» Mas sucede que as coisas estão feitas para serem obrigados a trabalhar o tempo todo, e dessa forma não podem aproveitar o facto de terem trabalho.
– Serão afinal estúpidos? – disse Chloé.
– Sim, são estúpidos – disse Colin. – Por isso estão de acordo com quem lhes faz acreditar que o trabalho é o que há de melhor. Isto evita que reflictam e tentem progredir até não trabalhar.
– Falemos de outra coisa – disse Chloé. – São assuntos cansativos. Diz-me se gostas do meu cabelo...”
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[Boris Vian, in A Espuma dos Dias, frenesi, 1997]
25.4.09
24.4.09
23.4.09
Tristessa
22.4.09
21.4.09
20.4.09
O país onde o dinheiro compra tudo
"O Paço do Duque mostrar-se-á novamente orgulhoso da sua herança, afirmando-se como uma notável ponte entre o Chiado de outros tempos e a Lisboa do século XXI."
[do site do empreendimento "Paço do Duque", na antiga sede da PIDE na Rua António Maria Cardoso]
"Não sei quantos serão os endinheirados que ali se vão regalar a viver bem. Haverá certamente pois há sempre gente para tudo e mais alguma coisa. Até gente capaz de se sentir confortável olhando paredes onde já houve sangue espirrado de homens e mulheres sob tortura, comendo pancada, sem poderem dormir nem se sentarem durante dias ou semanas a fio só por não aceitarem uma ditadura que queria a todos com uma ideia só, a de obediência a Salazar, depois a Caetano. É certo que não vão ouvir agora gritos e urros dos antigos torturados. Nem os risos e os palavrões dos antigos pides, revezando-se nos turnos de tortura e de espancamentos, pisando a dignidade dos presos sem lei que os protegessem. Nem assistirão a presos atirados pelas janelas para se espatifarem no pátio. Mas não lhes gabo o gosto sádico de ali se sentirem bem, confortáveis, pagando com cheques sacados a contas gordas para habitarem um local de ignomínia."
[João Tunes, no Água Lisa]
"A suja história de sangue e horror do edifício e os gritos de dor de milhares de portugueses que as «velhas e nobres paredes com um metro de espessura» abafavam, são agora, pelo turvo milagre da usura, uma memória doirada, transbordante de festas e de bodas, e de duques, príncipes e embaixadores. Num país onde o dinheiro compra tudo, até a memória colectiva, os antigos torturadores tornaram-se «copeiros e gentis homens» ao serviço de ricaços e recém-chegados ansiosos por reconhecimento."
[Manuel António Pina, JN, 20-03-2009]
15.4.09
Mário Cesariny: Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos
7.4.09
Ler Devagar em Alcântara
3.4.09
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[Pacheco Pereira, Público, 29/03/2009]