29.5.07

Os Livros no Parque: Frederico Lourenço

Mesmo quando chove (e já tive várias experiências dessas!), a Feira do livro de Lisboa no Parque Eduardo VII tem uma magia única. Quando está sol então, e os jacarandás formam aquela nuvem de roxo por cima das cabeças de todos, passa-se ali qualquer coisa que não andará muito longe da essência da felicidade. A Feira que me ficará sempre na memória é a de 1984: faz este ano 20 anos que lá comprei o Novo Testamento em grego (livro que ainda tenho e que considero indispensável); comprei pela primeira vez os Estudos de História da Cultura Clássica de Maria Helena da Rocha Pereira. Hoje tenho vários exemplares das diferentes edições porque esse livro passou, muitos deles autografados pela autora com dedicatórias amáveis; mas esse primeiro exemplar, comprado numa tarde de primavera com a excitação antecipada de ir ouvir a Mara Zampieri no Coliseu na Ana Bolena… magia pura. Hoje, como autor, a Feira do Livro de Lisboa é para mim o ponto alto do ano editorial: é aí que conheço leitores e encontro colegas de ofício. E passam-se coisas emocionantes naquele Parque Eduardo VII que nunca aconteceriam noutro sítio: o José Saramago a aparecer no stand da Cotovia, por exemplo, para comprar um exemplar da Odisseia.
.
[in Os Livros no Parque, editoras Afrontamento, Antígona, Assírio & Alvim, Climepsi, Cotovia, Meribérica-Liber, Relógio D’Água e Teorema, 2004]

Sem comentários: