Talvez se possa climatizar livros e leitores. Abrigá-los da chuva e do vento. Controlar a humidade relativa do ar. Prever os percursos e as paragens. Tornar menos aleatórios os encontros. Enfim, gerir melhor o comércio. Talvez. Mas são também os locais que fazem as feiras. O declive que os pés reconhecem no terreno. A incidência da luz nos transeuntes. O cheiro das árvores de repente molhadas. O calor do sol num dos lados da cara. O vento a levantar-se ao final da tarde. O rosto do livro contra o céu nocturno. Uma lufada fria a tactear a nuca. As vozes que o ar leva e traz nessa caminhada. Serão menos do dia os livros do dia. Saldadas as sensações de serem procurados naquele lugar. Mas talvez se possa climatizar livros e leitores, no Parque Eduardo VII.
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[in Os Livros no Parque, editoras Afrontamento, Antígona, Assírio & Alvim, Climepsi, Cotovia, Meribérica-Liber, Relógio D’Água e Teorema, 2004]
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1 comentário:
E fica um abraço e o agradecimento pela visita, IO.
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