Monotone
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Antes de saíres para o trabalho, arrumas à pressa o dia anterior
para debaixo da cama.
Guardas o coração ainda adormecido bem dentro do teu corpo
e esqueces essa canção que já não passa na rádio
mas que vive secretamente dentro de ti.
Fechas a porta à chave com duas voltas e sais.
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Os teus passos na escada fria soam ligeiros e apagam-se,
perde-se o rasto, easy listening,
guardas tudo para ti como um ex-dj...
assim partes, quase a correr.
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Parada junto à passadeira, protegida num gesto ledo
fixas o olhar na sombra dos carros que passam.
Esperas pelo Sábado,
pelo Feriado e as suas pontes,
pelas Férias para ouvires as tuas canções.
Sentes-te longe, silenciosa de luz.
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[João Miguel Queirós, de Veludo 038, & etc, 1998]
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