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“Saiu, suponho que muito recentemente, uma nova edição de Se isto é um homem”
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“Nesta nova edição na editora de sempre, a Teorema, o nome do autor aparece em tamanho garrafal e em relevo, impresso a verniz e, não fôssemos nós não alcançar o dramatismo da obra (e deste nome de autor), a vermelho. Na capa, uma foto de um campo que em nenhum lado do livro é referenciada. Ao cimo, antes mesmo do nome do autor, uma frase promocional: «Uma das mais lúcidas e impressionantes visões dos campos de extermínio nazis». Ainda assim, a coisa parece não ter sido bastante, pois abaixo do título, e entre dois filetes a preto, surge a frase que realmente importa: «Best Seller clássico da literatura mundial».”
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“há uma certa diferença entre editar Primo Levi e Paulo Coelho. E nada melhor, para perceber a evolução cínica do capitalismo livreiro nas últimas décadas, do que assistir a fenómenos como o desta recodificação de um fundo de catálogo que não corresponde já hoje à editora que o produziu.”
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[Osvaldo Manuel Silvestre, n’Os Livros Ardem Mal]
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Vale mesmo a pena ler o post todo.
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É muito triste o rumo que a Teorema está a levar depois de ter sido engolida por sucessivos grupos livreiros e obrigada a alinhar com a tendência de pôr todas as capas com aspecto de literatura light de terceira categoria (já aqui tinha referido as últimas edições de Italo Calvino e Henry Miller). Custa-me a crer que Carlos da Veiga Ferreira concorde com coisas destas, mas provavelmente não pode fazer grande coisa…
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