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“O que causou escândalo na lista divulgada por Cruz Santos foi o facto de se tratar de autores portugueses consagrados ou já canónicos. Para percebermos bem que o problema é muito mais fundo do que parece, é útil saber que há algo muito mais grave do que a Leya decidir abater, por exemplo, uma antologias feitas por Eugénio de Andrade: o facto de a obra deste poeta nem sequer estar hoje nas livrarias. […]
O mesmo acontece, aliás, com Jorge de Sena. Abater um dos seus textos camonianos, como aconteceu agora, é uma questão menor quando comparada com o facto de que a sua obra poética está por reeditar à longos anos. […]
Alguém imagina que não havia o René Char nas livrarias francesas, o T.S. Eliot nas livrarias inglesas, o Rilke nas livrarias alemãs? Ora, o abate de livros de escritores consagrados é sintoma de uma situação em que o património literário e intelectual, do século XII ao século XX, está abrangido por aquilo que a direcção da Leya chama “desinteresse do mercado”, mas que é uma estrutura de perversão do mercado.”
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[António Guerreiro, Actual (suplemento do Expresso), 13-03-2010]
O mesmo acontece, aliás, com Jorge de Sena. Abater um dos seus textos camonianos, como aconteceu agora, é uma questão menor quando comparada com o facto de que a sua obra poética está por reeditar à longos anos. […]
Alguém imagina que não havia o René Char nas livrarias francesas, o T.S. Eliot nas livrarias inglesas, o Rilke nas livrarias alemãs? Ora, o abate de livros de escritores consagrados é sintoma de uma situação em que o património literário e intelectual, do século XII ao século XX, está abrangido por aquilo que a direcção da Leya chama “desinteresse do mercado”, mas que é uma estrutura de perversão do mercado.”
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[António Guerreiro, Actual (suplemento do Expresso), 13-03-2010]
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