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Mais do que o pénis grande
com que se encosta à caixa, fascina-me
a disposição dos dentes, a calma
de lamber o «piercing» logo sob o lábio.
As cervejas e o atum parecem
mantê-lo jovem, disposto a tudo
e a todas num jogo sem alma.
Já o amigo, cáustico e franzino,
nada reclama do mundo. Faz-lhe
companhia e remata sempre
por um «despacha-te, caralho!»
vagamente alentejano. O louro,
com o seu sorriso táctil, paga outra
vez a despesa. Para eles, o paraíso
e o inferno são apenas questões de «feeling».
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[Manuel de Freitas, in Isilda ou a mudez dos códigos de barras, Oficina do Cego, 2010, reedição de Isilda ou a nudez dos códigos de barras, Black Sun, 2001]
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