19.9.07

Café Gelo (2)

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O Café Gelo é um dos tradicionais cafés do Rossio. Inaugurado em meados do século XIX, começou por chamar-se Botequim do Gonzaga, passando depois para Café Freitas e finalmente Café do Gelo. Só nos anos 50 perdeu o “do” ficando simplesmente Café Gelo.
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O Gelo teve sempre uma grande tradição revolucionária. Por exemplo terá sido daqui que saíram, em 1908, Alfredo Costa e Manoel Buiça para o Terreiro do Paço para disparar sobre a família real.
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Nos anos 50 sofreu uma profunda remodelação, a maior até então, tendo ficado no exterior com umas portas envidraçadas. Foi por esta altura que começou aqui a reunir-se o chamado “grupo do Gelo”, muitos deles vindos do Café Herminius, na Avenida Almirante Reis, embora tenham continuado a frequentar, em paralelo, o Royal, no Cais do Sodré.
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Do mítico “grupo do Gelo”, muito ligado ao surrealismo, faziam parte nomes como Mário Cesariny, Luiz Pacheco, Ernesto Sampaio, António José Forte, Virgílio Martinho ou Herberto Helder, entre outros.
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Esta tertúlia durou até ao 1º de Maio de 1962. Neste dia verificaram-se violentos confrontos no Rossio entre a polícia de choque e os manifestantes. Alguns clientes do Gelo terão arremessado açucareiros de metal contra a polícia, tendo a PIDE proibido o proprietário do café de receber este grupo, sob pena de ser obrigado a fechar o café. O “grupo do Gelo” acabou assim por se desfazer.
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A partir dos anos 70, o Gelo começou a entrar em acelerada decadência, acabando até por perder o nome nos anos 90, transformando-se no fast-food Abracadabra.
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Recuperou agora o seu nome tradicional.

3 comentários:

virilão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
virilão disse...

Obrigado por este bocadinho de história.
Trabalho no Rossio e frequento o dito, tendo inclusivé recomendado a frequência a um superior hierárquico, pois além de café tb serve um óptimo chá.
Agora terei mais uma boa razão para beber um bom café, ainda a 50c.
Obrigado, mais uma vez

Anónimo disse...

O café Gelo tem um péssimo serviço, primeiro esperei cerca de 5 minutos para ser atendido no segundo balcão, coisa que não aconteceu porque o empregado de balcão parecia uma "barata tonta", não me atendeu nem deu qualquer explicação, os empregados mais velhos andavam doidos atrás das empregadas brazileiras que, coitadas, fugiam deles, tenho pena que assim seja o serviço prestado num dos cafés centrais da Capital.