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Comemoram-se este ano os 30 anos de O Que Diz Molero, de Dinis Machado, com o escritor a ser alvo de diversas homenagens. A Bertrand lançou esta bonita edição comemorativa, com ilustrações de António Jorge Gonçalves.
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O livro é fabuloso e merece todos os elogios que recebeu e continua a receber. Tem uma escrita contagiante, com um toque surrealista, e uma estrutura muito original: Mister DeLuxe e Austin lêem e comentam um relatório de Molero sobre o “rapaz”, tudo isto de uma forma algo policial, sem nunca se chegar a saber quem são exactamente estas personagens. O relatório centra-se sobretudo na infância do “rapaz”, num bairro típico de Lisboa, durante os anos 30/40 (é preciso não esquecer que Dinis Machado viveu no Bairro Alto desde que nasceu, em 1930, até aos anos 60). Deparamo-nos assim com uma diversidade de figuras fascinantes: o Zuca, o Bigodes Piaçaba, o Peida Gadocha, o Descoiso, o Vampiro Humano ou os Vai-ou-Racha. A cena de uma autêntica batalha campal com um grupo de “camones” é absolutamente delirante. Temos depois uma parte, quanto a mim menos interessante, sobre as posteriores deambulações do “rapaz” pelo mundo.
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Foi um livro que, não sei se revolucionou a literatura portuguesa como por vezes é referido, mas certamente influenciou muitos escritores e abriu novos caminhos e ainda hoje, passados 30 anos, se lê com muito agrado.
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