16.11.07

Contos do Gin-Tonic

.
.
Foram reeditados pela Estampa os míticos Contos do Gin-Tonic, de Mário-Henrique Leiria.
.
Estes contos foram editados pela primeira vez em 1973, sendo seguidos em 1978 pelos Novos Contos do Gin e uns anos depois Mário Viegas daria uma boa contribuição para uma relativa popularidade dos mesmos.
.
A maioria dos contos é de dimensão muito reduzida, desde uns microcontos de poucas linhas (como os que deixei aqui no blog) até duas ou três páginas, raramente mais, estando todos eles recheados de surrealismo, subversão e humor sarcástico, sendo também evidente a marca do contexto político da época.
.
Retirei da contracapa da minha edição esta apresentação do autor, feita para a primeira edição:
.
“Mário-Henrique Leiria nasceu em Lisboa em 1923. Frequentou a Escola de Belas Artes, donde saiu apressadamente. Entre 1949 e 1951 participou nas actividades da movimentação surrealista em Portugal. Depois começou a andar de um lado para o outro. Teve vários empregos, marinha mercante, caixeiro de praça, operário metalúrgico, construção civil (não, não era arquitecto, carregava tijolo), etc., pelas terras onde andou: a Europa cristã e ocidental, o Mediterrâneo norte-africano, o Oriente Médio e até, dizem, os países socialistas. Não ia aos Balcãs porque tinha medo, todos lhe diziam que lá os bigodes eram enormes e as bombas estoiravam até no bolso. Um dia teve de passar por lá. Os bigodes eram realmente grandes, mas toda a gente sabia rir. Tirou o casaco e bebeu que se fartou. Em 1958 meteram-se-lhe ideias na cabeça e foi até Inglaterra, para aprender coisas. Não aprendeu e voltou. Entre 1959 e 1961 foi casado e não fez mais nada. Em 1961 foi para a América Latina donde voltou nove anos depois. Por lá conseguiu ser, entre outras actividades menos respeitáveis, planejador de stands para exposições, encenador de teatro e até director literário de uma editora. Fizera progressos. Agora está chateado, vive em Carcavelos e custa-lhe muito a andar.
.
Tem colaborado em várias revistas e jornais nacionais e não só. Está publicado em algumas antologias, tanto aqui como no estrangeiro. Este é o primeiro livro que tenta publicar em Portugal.
.
Realmente, está muito chateado.”

1 comentário:

Anónimo disse...

Bom artigo. Explica bem o livro