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“O grande romance português depois de Os Maias é Adeus Princesa de Clara Pinto Correia. Os outros têm todos o mesmo tom e são escritos só para o meio dos intelectuais e críticos. Exceptuando o Cardoso Pires, que se esforça por escrever sobre a sociedade portuguesa contemporânea. A Agustina ofusca pela retórica bebida na tradição portuguesa do sermão, mas tudo aquilo, descodificado, é nada, ou é uma patetice. O Vergílio Ferreira é muito mau escritor, de terceira ou quarta classe. O Saramago ainda consigo ler até ao fim – mas o que aquilo tem a ver com Portugal é nada. A Jangada de Pedra é uma história para crianças escrita num tom arrebatadamente lírico. A Natália Correia é um compêndio de escrever mal. Mas é assim, o que é que se pode esperar de um país que tem entronizado como grande escritor o Torga, o mestre Torga que anda por aí com a sua boina feito parvo? As invenções de Portugal são espantosas. A última é Agostinho da Silva. E ainda há o Lobo Antunes. A esse, francamente, nem acredito que alguém o leia. Eu, que tenho uma grande embocadura, consigo ler tudo – é uma das minhas poucas qualidades –, nunca consegui ler um livro dele até ao fim.”
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[Vasco Pulido Valente, revista Ler nº 5, Inverno de 1989, depoimento recolhido por Inês Pedrosa para a rubrica “A Biblioteca de…”]
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