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"Não existe hoje uma razão visível para a existência da crítica nos jornais em Portugal, como é perceptível quando os percorremos, tal a sensação de falta de critério e de incapacidade em discriminar o relevante e o irrelevante, como se vê pelo caso em análise. A única razão para a sua manutenção é a inércia: pareceria mal, apesar de tudo, que jornais de referência deixassem de dar espaço aos livros que cada vez se publicam em maior número."
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[Osvaldo Manuel Silvestre, em post sobre a crítica ao novo livro de Margarida Rebelo Pinto no Actual e Ípsilon da passada semana]
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Depois da capa e longa entrevista na Ler, MRP chega agora ao Actual (suplemento do Expresso) e ao Ípsilon (suplemento do Público). Neste último há também uma crítica a um livro de Domingos Amaral. Vemos portanto o light/lixo a chegar em força a sítios que se pensava estarem imunes a ele, o que realmente nos põe a questionar a própria existência destes espaços supostamente dedicados à literatura.
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Vale a pena ler o post todo, mas gostava sobretudo de chamar a atenção para dois pontos que me parecem absolutamente evidentes, embora gerem frequentes confusões:
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1. ler não é necessariamente bom, depende do que se lê:
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"A leitura, em si, sejamos claros, não é um bem: depende, sempre, do que se lê e de como se lê. E a evidência empírica demonstra à saciedade que quem lê autores como MRP por sistema não passa mais tarde a, digamos, Thomas Mann."
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2. leitores do light e leitores de sublementos literários pertencem a mundos imiscíveis; a crítica literária não tem de se ocupar de "livros" mas de "literatura":
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"O equívoco vem já dos tempos do DNA e do seu então director, que se lamentava periodicamente de a crítica não enfrentar o fenómeno da literatura light. Falsa questão, pois, como Pedro Mexia já disse (e não me lembro se o escreveu também), os leitores de MRP não lêem resenhas em suplementos literários; e os leitores destes não lêem MRP."
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