20.10.08

Trópico de Câncer

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Foi agora reeditado pela Presença o mítico Trópico de Câncer, primeiro livro de Henry Miller. A anterior edição portuguesa, da Livros do Brasil com tradução de Fernanda Pinto Rodrigues, estava há muito esgotada (a última hipótese de o adquirir foi quando saiu há 4 ou 5 anos na colecção Mil Folhas, do Público).
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Trópico de Câncer, na minha opinião o melhor livro de Miller, é um retrato profundamente autobiográfico dos tempos loucos que o escritor norte-americano viveu na Paris dos anos 30. Acaba por ser uma espécie de precursor da beat-generation, quer pelas experiências e estilo de vida descritos, quer pela própria escrita do autor, numa torrente algo anárquica, que haveria de ser anos depois característica marcante de autores como Kerouac.
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Dado o conteúdo muitas vezes sexualmente explícito e uma apologia da libertinagem que atravessa todo o livro, este foi imediatamente proibido nos Estados Unidos quando foi publicado, em 1935, tendo sido retirada a proibição apenas nos anos 60.
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Esta edição tem uma nova tradução, de Jorge Freire, que não li, e uma capa que, não quero mentir, mas acho que é a mais feia que já vi na vida. Não sei o que se passa com a Presença, editora que nos últimos anos apresenta sistematicamente capas pavorosas. Esta ultrapassa tudo, Henry Miller não merecia isto.

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