16.1.09

AS PUTAS DA AVENIDA
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Eu vi gelar as putas da Avenida
ao griso de Janeiro e tive pena
do que elas chamam em jargão a vida
com um requebro triste de açucena
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vi-as às duas e às três falando
como se fala antes de entrar em cena
o gesto já compondo à voz de mando
do director fatal que lhes ordena
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essa pose de flor recém-cortada
que para as mais batidas não é nada
senão fingirem lírios da Lorena
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mas a todas o griso ia aturdindo
e eu que do trabalho vinha vindo
calçando as luvas senti tanta pena.
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[Fernando Assis Pacheco, in A Musa Irregular, Assírio & Alvim, 2006]

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