20.2.09

Os carros contra a cidade

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"Quem passa de carro na Baixa vindo de não sei onde para ir para não sei onde, de janelas bem fechadas, e que acha que ali não mora ninguém e que para ir às compras é no Colombo terá grande dificuldade em perceber por raio haverá de encontrar caminhos alternativos e andar às voltas quando por ali é sempre a direito. Parece até que o Automóvel Club de Portugal ameaça processar a autarquia se avançar com as restrições de tráfego na Baixa. Será um processo interessante e absolutamente simbólico do que está em questão: os carros contra a cidade. Até agora, todo o planeamento de Lisboa foi feito a pensar no tráfego automóvel e na sua fluidez. Tudo o resto foi visto como secundário ou mesmo inexistente. É normal que quando finalmente se tenta introduzir algum equilíbrio na gestão da cidade e começar a dar primazia às pessoas, os carros se enraiveçam e tudo façam para manter o seu império. Porque é mesmo disso que se trata: se ganham os carros ou a cidade, os carros ou as pessoas. É bom que todos os que querem uma cidade e não uma auto-estrada percebam que há uma guerra, e que é preciso lutar."
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[Fernanda Câncio, DN (13-02-2009)]
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Não posso estar mais de acordo, é óbvio que a Baixa não pode ter o volume de tráfego que tem, ainda por cima quando a maior parte nem sequer se destina à Baixa, mas é mero tráfego de atravessamento. A única coisa que me preocupa é a possível sobrecarga de outras zonas. A redução de trânsito tem de se fazer em toda a zona central de Lisboa, não só na Baixa, apostando em bons transportes públicos (mais eléctricos, por exemplo) e obrigando as pessoas a andar neles, criando barreiras ao automóvel particular. É tempo de acabar com a mentalidade terceiro-mundista que obriga as "classes médias e altas" a circularem de carro (quanto maior e mais caro melhor) e que desclassifica socialmente quem utiliza o trasporte público.

1 comentário:

Anónimo disse...

Há alguma petição a favor destas ideias?

Sou um dos muitos milhares que anda a professar a redução de tráfego nos centros citadinos há décadas.

Organizem uma recolha de assinaturas que eu estou lá de caneta em riste.