4.9.09

Bairro do Arco do Cego

.
.
Foi lançada uma petição que pretende a reabertura do processo de classificação do Bairro do Arco do Cego, que o IGESPAR arquivou, deixando em risco este importantíssimo conjunto arquitectónico dos anos 20 e 30.
.
É este o texto da petição:
.
O Bairro Social do Arco do Cego, construído entre 1919 e 1935 à base de alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado e madeira, e gizado pelos Arquitectos Edmundo Tavares, Adães Bermudes e Caetano de Carvalho em 45 quarteirões rectangulares segundo eixo ortogonais, é um dos exemplos mais bem conservados da construção social em Lisboa, denotando uma certa arquitectura de cariz ecléctico, de que relevam, arquitectónica e funcionalmente, o antigo Liceu D. Filipa de Lencastre, da autoria do Arq. Jorge Segurado, e as escolas primárias que o ladeiam -centro nevrálgico do Bairro -bem como as praças fronteiras à alameda central da Av. Magalhães Lima, bem arborizadas, e respectivo mobiliário urbano, de que se destacam as elegantes colunas de iluminação, típicas das Avenidas Novas.
.
Estas características, aliadas ao facto da esmagadora maioria do edificado, embora apresentando algumas alterações de pormenor, mantinham, e mantêm, as características arquitectónicas, volumétricas e estéticas, ao tempo da construção do Bairro, levaram a que fosse aberto no IGESPAR um processo de classificação do Bairro Social do Arco do Cego, processo que teve despacho de abertura em 27 de Março de 2007 e que decorreria conjuntamente com a classificação individual do antigo Liceu D. Filipa de Lencastre.
.
Tal facto pressupunha uma mais-valia para o Bairro: todo o projecto de alterações, ampliação e/ou demolição que fosse submetido à CML só poderia ser aprovado se tivesse como propósito a conservação do edificado e/ou a reposição de materiais e morfologia do mesmo, para os casos em que, pontualmente, tivesse já havido alterações significativas.
.
E assim foi até 18 de Junho de 2009, altura em que o Conselho Consultivo e a Presidência do IGESPAR acordaram no arquivamento do processo de classificação, alegando «banalização» das classificações e impotência perante a instalação de empresas nas vivendas «periféricas» da Av. México e Av. António José de Almeida, facto que acarretou alterações significativas na morfologia das mesmas. Pelo facto, o IGESPAR deixa aberta a possibilidade da CML proceder, ou não, à classificação do Bairro como Imóvel de Interesse Municipal.
.
Por acharmos que as justificações apresentadas pelo IGESPAR não colhem, e porque recearmos que o arquivamento agora decidido corresponde, a breve trecho, à delapidação efectiva de um importante legado arquitectónico e social da cidade de Lisboa, pela “via verde” que o mesmo possibilita aos promotores imobiliários, e aos proprietários menos esclarecidos, para desenvolverem projectos de alterações profundas e demolições no edificado, solicitamos:
.
1. Ao IGESPAR, a REABERTURA do processo de classificação do Bairro Social do Arco do Cego como Imóvel de Interesse Público.
.
2. À CML, à semelhança do que foi feito para o Bairro Azul, a ABERTURA, com carácter de urgência, do processo de classificação do Bairro Social do Arco do Cego como Imóvel de Interesse Municipal.

Sem comentários: