Obras completas de José Rodrigues Miguéis a 5 euros cada volume, na Estampa
31.5.08
30.5.08
Assírio & Alvim: o blog
Nasceu há poucos dias o blog da Assírio & Alvim. Funcionando como um complemento ao seu excelente site, para já tem servido sobretudo para divulgar os livros do dia da editora, na feira. Hoje, por exemplo temos as Poesias Completas de Alexandre O'Neill (20 euros) e a Poesia de Alberto Caeiro (13 euros). Muito bem vindos à blogosfera!
Praça Leya
Depois de tamanha insistência para impor o seu modelo na feira do livro, o resultado da praça Leya é, no mínimo, desanimador, não só em termos estéticos mas também de funcionalidade.
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Mas o que é mesmo grave é, por um lado o reduzido número de livros presentes (não nos esqueçamos que editoras como a Asa, Caminho ou Dom Quixote têm um enorme catálogo e tinham sempre um bom número de stands em feiras anteriores); e por outro lado o elevadíssimo preço dos mesmos, que desencorajam qualquer um.
Editores em Desassossego
Tive muita pena mas não pude assistir ao debate de ontem, na Casa Fernando Pessoa, que parece ter sido bastante animado. A Sara Figueiredo Costa e o blog da Ler fazem um resumo.
29.5.08
Oportunidades na feira (2)
Contos do Gin-Tonic, de Mário-Henrique Leiria, a 7 euros na Estampa
Marânus, de Teixeira de Pascoaes, a 5 euros na Assírio & Alvim
28.5.08
A civilização do "time is money"
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Mas os meios do burguês eram precários, e o combate tinha de ser incessantemente recomeçado, contra a prodigalidade e a preguiça, a anarquia, o espírito contemplativo, o sonho, o capricho, o aventureirismo, a criancice, a ilusão. Era uma luta de jardineiro obrigado a podar todos os dias a estátua de murta, de que fala o Vieira. Alguns sucessos prodigiosos foram alcançados: a invenção do livro do Deve e Haver, os bancos, os cheques, a revolução industrial inglesa, a unificação do trabalho mercantil, a exploração de matérias-primas desconhecidas, a contabilização geral da vida, a subordinação à Ciência e à Técnica. Tudo passou a ter um valor contável na expressão quantitativa mais universal que existe: o dinheiro. Viram-se nascer cidades, como Amesterdão, em que os homens estão tão domesticados como o mar dentro dos canais. E civilizações fabulosas surgiram, como a norte-americana, em que ninguém para de trabalhar; em que se almoça a correr, no bar; em que não se perde um minuto, em que tudo se capitaliza. Encontraram-se soluções admiráveis para tirar ao sexual intercourse o seu carácter mágico e sagrado, assegurando ao mesmo tempo o equilíbrio higiénico favorável à produtividade. O erotismo substituiu o amor. Um aforismo sublime resume esta civilização: Time is Money; o tempo não é vida que se gasta, nem prazer que se goza, nem é tão-pouco desespero em que se perde; é capital que se acumula, que fica disponível e que serve para investir, multiplicando o mesmo tempo, em benifício individual ou colectivo.
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Mas estas conquistas do homo æconomicus ou burgalensis eram, apesar de tudo, frágeis. Viu-se isso em Maio, em Paris, em que o Adão quase ressurgiu com a inocência e a força do Paraíso, e gritou «Prenos nos désirs pour dês réalités!»
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Mas chegámos talvez à época em que ele vai desaparecer definitivamente. Pelo menos, muito boa gente assim o pensa e deseja. O novo Adão, convenientemente seleccionado na semente e tratado in vitro, será o arquétipo da civilização citadina, científica e burguesa, higiénica e indolor, podado de todos os impulsos insociais e improdutivos. Nem sequer terá a consciência de ser infeliz porque uma adequada intervenção na cadeia genética lhe tirará a memória do Paraíso.”
27.5.08
Maio e a Crise da Civilização Burguesa
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António José Saraiva, na altura a viver em Paris, acompanhou empolgadamente os acontecimentos, publicando pouco depois (em 1969) este livro extraordinariamente lúcido e inteligente.
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É um livro “constituído por um «diário», por notas e por breves ensaios inspirados por aquilo que no título se designa por «crise da civilização burguesa»” como refere o autor no posfácio.
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A maior parte do livro é de facto constituída pelo diário “de João Cândido” que vai retratando e analisando o que de principal aconteceu em Paris entre 23 de Maio e 30 de Julho de 68.
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Por exemplo, no dia 27 de Maio (há precisamente 40 anos) escreveu:
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“O que é que um marxista ortodoxo vindo de Portugal pode perceber disto? Deve ficar completamente às aranhas, emitindo juízos contraditórios como um louco. «A quoi ça rime?» Ataques violentos aos sindicatos e ao PC nos anfiteatros. Como é possível? Não é o PC, por definição, a vanguarda da classe operária e a classe operária a classe revolucionária? E como é que toda aquela literatura excluída do «socialismo científico», enterrada como «ultrapassada», «utópica», etc., reaparece na actualidade? Anarquismo (mas o Marx não liquidou o anarquismo?), federalismo, fourierismo, etc.? Como, como? E as «leis da história» não funcionam? Os estudantes não são os «filhos da burguesia»? Não será tudo isto uma acção de provocadores ao serviço da burguesia?”
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Além do diário o livro tem uns pequenos ensaios e um longo posfácio, de onde retirei este excerto, ainda mais pertinente hoje do que há 40 anos:
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“A civilização burguesa já só nos oferece a perspectiva de haver cada vez mais máquinas para fabricar mais objectos e distribuir mais moeda para os comprar; cada vez mais rapidez para percorrer rectiliniamente a distância entre dois sítios cada vez mais iguais; cada vez mais precisão nos gestos e tempo das pessoas para poderem engrenar com as máquinas; cada vez mais igualdade entre indivíduos condicionados em série; cada vez menos imprevisto, menos gritos, menos lágrimas. E também cada vez mais psiquiatras para «normalizar» os homens rebeldes à norma uniforme. Estes homens, cada vez mais padronizados, fazem cada vez mais o que os economistas, os estatísticos, os sociólogos, os psicólogos, os especialistas de marketing, esperam que eles façam.”
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Maio e a Crise da Civilização Burguesa foi reeditado em 2005 pela Gradiva, integrado nas suas obras completas.
Oportunidades na feira
26.5.08
O elogio do transporte público
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Aproveitando para dar os parabéns (um bocado atrasados) ao Miguel Vale de Almeida pelos 5 anos do blog, recupero aqui um excerto de um post seu, já com algum tempo, de que gostei muito e subscrevo na íntegra:
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"Ao contrário do que é portuguesmente comum, nunca senti que o carro me desse "liberdade" ou "autonomia". Sinto-me constrangido por tudo o que um carro na cidade significa: conduzir no meio de loucos, procurar estacionamento, apanhar com engarrafamentos, não conseguir cumprir horários, stressar. Com os transportes públicos (normalmente o metro, pois os autocarros não são de fiar) faço tudo mais calmamente mas, sobretudo, sinto-me mais cosmopolita: ando a pé nas ruas duma cidade a caminho da paragem ou estação, vejo as pessoas e as faunas duma cidade nos transportes, vou ouvindo pedaços de conversas, em suma, vou tomando o pulso à polis. E ainda aproveito para ler. Não é, no fundo, este o modo de fazer as coisas nas verdadeiras cosmópolis, como Paris, Londres ou Nova Iorque, onde não passa pela cabeça de ninguém andar de carro? Quando me atrevo a andar de carro na cidade, durante o dia, para os percursos normais, sinto imediatamente que estou em Caracas."
25.5.08
"Guilhermina Gomes, directora editorial do Círculo de Leitores, numa entrevista poblicada na «Única» do passado sábado, defendia com estas palavras um programa editorial muito abrangente: «Eu não posso, nem devo, exercer um juízo de valor dizendo: este é um leitor menor, consome lixo.» Trata-se de uma daquelas frases que afirmam aquilo que negam e dão nome ao que não querem nomear. A hipótese de um livro se ter tornado objecto de uma indústria do lixo em grande escala encontra confirmação no espectáculo nauseabundo que a maior parte das livrarias - os terminais da produção - hoje oferecem. Muitos outros sectores produzem tanto ou mais lixo, mas a nenhum deles foi dado o privilégio de proclamar impunemente que trabalha para o progresso espiritual dos homens, da nação e do mundo em geral. Os livros que são em si uma coisa boa, os leitores que por o serem já estão a cumprir os desígnios culturais que lhes garantem a passagem para um estatuto de maioridade: eis o discurso que editores e agentes oficiais da promoção da leitura repetem incansavelmente e encontra eco nos «boulevards» da opinião. Dessa massa indiferenciada e acrítica salvam-se os livros dotados de uma resistência que os protege dos seus amadores e até (às vezes, sobretudo) dos seus autores."
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[António Guerreiro, no Actual (suplemento do Expresso) de ontem]
“Hoje lê-se muito, lê-se mal e depressa. E principalmente lê-se muita coisa que não se devia ler, que não adianta um chavo seja para o que for. Mas dizem-me que tem de ser assim mesmo, que é ao fim de se ler muito e à toa que o gosto, o discernimento e o selectivo sentido crítico se formam numa pessoa. Pode ser.”
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[Alexandre O’Neill, in Uma Coisa em Forma de Assim, Assírio & Alvim, 2004]
24.5.08
A Feira do Livro por Irmão Lúcia
22.5.08
[…]
“Provavelmente o problema do livro actualmente é que o mundo está tão apressado que a criação de um mundo tanto pelo escritor como pelo leitor é considerado uma perda de tempo, é considerado algo quase obsceno porque vai a contracorrente da rapidez, da velocidade, de um raciocínio um bocado utilitarista que querem dar ao próprio tempo.”
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[Torcato Sepúlveda em entrevista à Rádio Universitária do Minho]
Torcato Sepúlveda (1951-2008)
Morreu ontem, aos 57 anos, Torcato Sepúlveda, jornalista e crítico literário.
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Aqui fica um breve retrato seu feito pelo Público:
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"Marcou a crítica literária e mudou a forma de fazer jornalismo cultural em Portugal — foi o primeiro editor da secção de Cultura do PÚBLICO, jornal de que foi um dos fundadores. Nascido em Braga, era filho de professores primários.
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Frequentou o curso de Filologia Românica na Universidade de Coimbra e, entre 1971 e 1974, viveu exilado em Bruxelas, onde foi operário. No regresso a Portugal, trabalhou no serviço de fronteiras em Vila Real de Santo António, tendo passado daí para o jornal “Expresso” como copydesk. Neste semanário começou a fazer crítica literária, assinando João Macedo — João Torcato Sepúlveda de Macedo era o seu nome completo. Fez traduções sob pseudónimos: Silva de Viseu, Buíça, D. Luís da Cunha.
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Do “Expresso” saiu para o PÚBLICO, onde editou também a secção de Sociedade antes de partir para integrar a equipa que refundou o “Semanário”. Passou pela “Capital”, por “O Independente” e era actualmente jornalista do “Diário de Notícias” (escrevia para o suplemento de sábado “NS”)."
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A ler também as reacções de Isabel Coutinho e Francisco José Viegas.
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Deixo aqui o link para um texto excelente que Torcato Sepúlveda escreveu sobre Luiz Pacheco e para uma entrevista à Rádio Universitária do Minho.
21.5.08
Feira abre no próximo Sábado
19.5.08
Leya e a Feira do Livro: a reacção de Saramago
Referindo-se à autorização para pavilhões diferenciados, Saramago criticou a "diferença na apresentação dos livros de qualquer editora". "Não me parece bem. Se nos pavilhões cabiam as pequenas e as grandes editoras, podiam continuar a caber", defendeu o Nobel da Literatura. Para o escritor, esta "não foi uma boa solução" porque "abre portas a uma espécie de caos". José Saramago caracterizou a Feira do Livro como uma "festa democrática", onde a existência de pavilhões diferenciados e eventualmente "imponentes", "exibe uma diferença de classes".
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[artigo do Público on-line]
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Entretanto continuamos sem saber quando começa a feira ou sequer se há realmente um acordo...
Street Fighting Man
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[Rolling Stones Street Fighting Man, in Beggars Banquet, 1968]
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Ev'rywhere I hear the sound of marching, charging feet, boy
'Cause summer's here and the time is right for fighting in the street boy
But what can a poor boy do
except to sing for a Rock'N'Roll Band
'cause in sleepy London Town
There's just no place for Street Fighting Man!
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Hey! Think the time is right for a Palace Revolution
But where I live the game to play is Compromise Solution!
Well then what can a poor boy do except to sing for a Rock'N'Roll Band
'cause in sleepy London Town
There's just no place for Street Fighting Man!!
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Hey! Said my name is called Disturbance
I'll shout and scream, I'll kill the King I'll rail at all his servants
Well then what can a poor boy do except to sing for a
Rock'N'Roll Band 'cause in sleepy London Town
There's just no place for Street Fighting Man!!
18.5.08
Maio de 68: os slogans
É proibido proibir
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Soyez réalistes, demandez l'impossible
Sejam realistas, exijam o impossível
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L'imagination au pouvoir
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O patrão precisa de ti, tu não precisas dele
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Le réveil sonne: première humiliation de la journée
O despertador toca: primeira humilhação do dia
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Tout pouvoir abuse. Le pouvoir absolu abuse absolutement.
Todo o poder abusa. O poder absoluto abusa absolutamente.
Travailleur : tu as 25 ans mais ton syndicat est de l'autre siècle
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L'âge d'or était l'âge où l'or ne régnait pas
A idade de ouro era a idade onde o ouro não reinava.
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Nous ne voulons pas d'un monde où la certitude de ne pas mourir de faim s'échange contre le risque de mourir d'ennui
Não queremos um mundo onde a certeza de não se morrer de fome se troca contra o risco de morrer de aborrecimento
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Sous les pavés, la plage
Sob as calçadas, a praia
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L'alcohol tue. Prenez du LSD
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La poésie est dans la rue
A poesia está na rua
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Un homme n'est pas stupide ou intelligent: il est libre ou il n'est pas
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Je suis marxiste, tendance Groucho
Sou marxista, tendência Groucho
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A bas le réalisme socialiste. Vive le surréalisme!
Abaixo o realismo socialista. Viva o surrealismo!
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Cours camarade, le vieux monde est derrière toi
Corre camarada, o velho mundo está atrás de ti
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On ne revendiquera rien.
Não reivindicaremos nada.
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Plus je fais l'amour, plus j'ai envie de faire la Révolution. Plus je fais la Révolution, plus j'envie de faire l'amour.
Quanto mais faço amor, mais vontade tenho de fazer a Revolução. Quanto mais faço a Revolução, mais vontade tenho de fazer amor.
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Le droit de vivre ne se mendie pas, il se prend
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Professeurs, vous êtes aussi vieux que votre culture
Professores, vocês são tão velhos quanto a vossa cultura
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Prenons la révolution au sérieux, mais ne nous prenons pas au sérieux
Tomemos a revolução a sério, mas não nos levemos a sério
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Quand l'assemblée nationale devient un théâtre bourgeois tous les théâtres bourgeois doivent devenir des assemblées nationales
Quando a assembleia nacional se transforma num teatro burguês, todos os teatros burgueses devem transformar-se em assembleias nacionais
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Ouvrons les portes des asiles, des prisons, et autres facultés
Abramos as portas dos asilos, das prisões, e outras faculdades
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L'art est mort, libérons notre vie quotidienne
A arte morreu, libertemos a nossa vida quotidiana
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L'art est mort. Ne consommez pas son cadavre
A arte morreu. Não consumam o seu cadáver
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L'humanité ne sera vraiment heureuse que lorsque le dernier des capitalistes aura été pendu avec les tripes du dernier des bureaucrates
A Humanidade só será feliz no dia em que o último capitalista for pendurado com as tripas do último burocrata
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Les réserves imposées au plaisir excite le plaisir de vivre sans réserve.
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Ne nous attardons pas au spectacle de la contestation, mais passons à la contestation du spectacle.
Não nos prendamos ao espectáculo da contestação, mas passemos à contestação do espectáculo.
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Ne travaillez jamais
Não trabalharemos mais
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Mais slogans aqui e aqui.
16.5.08
Leya ganhou
Assunto encerrado: a Leya foi autorizada a ter a sua barraca de rico, não se misturando com as restantes editoras. A Feira do Livro pode assim realizar-se.
Leya e a Feira do Livro: as reacções dos escritores
"Se a Leya não for à Feira do Livro de Lisboa vai ter muitos problemas comigo."
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"Há uma série de movimentações entre os autores. As pessoas ficaram inquietas com o que se está a passar."
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"Não sei se a Leya foi feita por amor aos livros ou por dinheiro, mas as duas coisas não são muito compatíveis. E custa-me imenso que o livro se transforme numa mercadoria."
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[António Lobo Antunes em declarações ao Público de hoje]
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"Recuso-me a ser encarado como uma marca e que os meus livros sejam vistos como sabonetes."
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[Mário de Carvalho em declarações ao mesmo jornal]
15.5.08
Entre o Leya e a Feira a Câmara opta pelo Leya
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"Ao PortugalDiário, a vereadora do pelouro da Cultura da Câmara de Lisboa, Rosália Vargas, explica que se as editoras da Leya não estiverem presentes na Feira do Livro, devido à «intransigência» da APEL, a autarquia «pode considerar que não estão reunidas as condições de garante de serviço público» e decidir não atribuir o subsídio. "
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[excerto de artigo no Portugal Diário]
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Ainda alguém duvidava de qual o perigo de tão grande concentração económica no mercado do livro? Está à vista: O Leya comporta-se como o dono da feira do livro, espezinhando tudo e todos para ter a sua barraca gigante, separado dos restantes editores. E o pior é que a Câmara cede, o que nunca poderia acontecer.
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Entretanto algumas editoras estão a reagir e bem: a Tinta-da-China considera "inaceitável que a CML depois de ter dado a organização da Feira do Livro à APEL, conceda directamente 720 m2 de espaço a um grupo empresarial que nem sequer se inscreveu para participar como todos os outros. Se tal acontecer, a CML estará a avalizar a prepotência, a arrogância e a falta de respeito por todos os editores. Consideramos mesmo que de todos os interlocutores neste processo é quem fica pior no retrato, abrindo um precedente gravíssimo."
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A Gradiva, depois deste comunicado, abandonou a UEP com Guilherme Valente a afirmar que "a situação e o comportamento do Grupo Leya na UEP (União dos Editores Portugueses), perverte, em meu entender, o seu carácter e inviabiliza a sua acção de Associação de Editores. Sendo assim, não resta a mim próprio nem à Gradiva outra alternativa de inteligência, dignidade e coerência que não seja a desvinculação da UEP»
14.5.08
A feira do livro por Jorge Silva Melo
O fim da feira?
13.5.08
É possível escapar ao Leya?
O grupo Leya comprou as editoras da Explorer ficando agora com:
- Dom Quixote
- Caminho
- Asa
- Texto
- Gailivro
- Nova Gaia
- Oficina do Livro
- Casa das Letras
- Estrela Polar
- Teorema
- Sebenta
Considero esta situação de extrema gravidade, não só pelos naturais efeitos nefastos de tão grande concentração, mas sobretudo pela postura que este grupo tem vindo a assumir: desprezo total pelo livro enquanto cultura. Temo pelos tempos que se avizinham.
12.5.08
Ler
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Lida a nova Ler, gostava de referir algumas impressões:
- O grafismo é cuidado, com boas fotografias, mas o aspecto geral é talvez demasiado limpinho e brilhante.
- Gostei mesmo muito da dimensão das entrevistas: 12 páginas para Lobo Antunes!
- De um modo geral os artigos têm interesse, com destaque para a escolha dos “50 autores mais influentes do século XX” (embora acompanhada de uns textinhos um pouco light).
- A escolha de colunistas não foi lá muito original e, pior do que isso, alguns deles eram dispensáveis (Inês Pedrosa, Jorge Reis-Sá ou os Booktailors, que aparentemente estão ali apenas a fazer publicidade para o seu negócio…). Alguns no entanto são bons como Pedro Mexia, Eduardo Pitta ou Abel Barros Baptista.
- Não gostei nada da secção “Mais livros saídos”, que já tinha havido em moldes semelhantes na antiga Ler. Não percebo porquê pôr ali um monte de livros, citando uma frase de cada um. Até o professor consegue fazer melhor aos domingos…
- Embora as recensões não me tenham propriamente desagradado esperava que, pelo menos algumas, fossem um pouco maiores. Já que os suplementos culturais dos jornais encolheram os textos dos seus críticos, era de supor que uma revista destas lhes concedesse mais espaço.
- E havia mesmo necessidade de ter uma secção sobre livros de economia?
No fundo penso que, limando algumas arestas, se trata de uma boa revista, simplesmente o seu conceito não é bem o que eu esperava. Fiquei com a ideia que pretende agradar a vários públicos e não apenas aos habituais leitores deste meio, daí ser menos literária, algo que é assumido por Francisco José Viegas.
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No entanto, sendo a única revista de livros regular no nosso país (a Os Meus Livros não conta) é de comprar, apesar de tudo.
10.5.08
Como quem vende detergentes
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"Nas grandes cadeias de livrarias, a visibilidade tem um preço e ajuda a chegar ao top: montras, mesas, topos, expositores, destaques"
[...]
"actualmente - copiando estratégias das grandes superfícies e da publicidade de rua -, estas cadeias de livrarias têm para vender aos editores montras inteiras e meias-montras, a cobertura dos alarmes na entrada, as mesas onde se expõem livros, os topos das estantes que mostram as capas, colocação de expositores, destaques, campanhas de Natal, de Verão, do Dia dos Namorados, da Criança, do Pai ou da Mãe."
[...]
"Os hipermercados foram disruptivos, criando uma lógica que depois foi sendo copiada", diz Teresa Figueiredo [directora de marketing da Bertrand], ela própria vinda do "grande comércio, dos detergentes". Nas Bertrand, "as montras são todas pagas, com preços diferentes consoante as alturas do ano, e também se vendem meias montras", explica. "Inspiramo-nos em quem vende publicidade exterior, nos mupis. Um editor diz-nos: "De dia 7 a dia 15 quero ter uma rede de montras." E em todas as Bertrand com montra vão aparecer os livros dele."
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[excertos de artigo de Alexandra Lucas Coelho, no Público de 5/5/2008, que pode ser lido aqui]
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Obviamente nada disto é novidade mas é desanimador. Estamos claramente a precisar de mais Letras Livres e Leres Devagar, Fendas e &etcs, para fugir a estas terríveis lógicas.
9.5.08
Duluoz, o Vaidoso
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Não sei porquê mas, sendo Jack Kerouac um autor bastante conhecido e admirado, os seus livros têm demorado a chegar a Portugal, havendo ainda muito por traduzir.
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Duluoz, o Vaidoso, publicado pela primeira vez em 1968, chegou agora até nós pela Relógio D'Água. Escrito pouco antes da morte do autor, trata-se de um livro profundamente autobiográfico (tal como os restantes) retratando o perído da vida de Kerouac entre 1935 e 1946: o período em que passou pela universidade de Columbia, vindo de uma pequena cidade de província; as viagens a bordo de um navio de carga durante a II Guerra Mundial; as primeiras experiências literárias; os amigos (Allen Ginsberg e William Burroughs, entre outros); e a formação da beat generation.
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Não se pense no entanto que estamos perante um estilo de escrita semelhante ao de Pela Estrada Fora ou Os Subterrâneos. Aqui temos um Kerouac atípico, mais calmo e melancólico, mas muito bom também.
8.5.08
Os novos editores (3)
"Não vamos à Feira do Porto porque não temos interesse nela, nem o certame tem um volume de negócios que o justifique, quanto à de Lisboa depende de como irá ser organizada"
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[Isaías Gomes Teixeira, administrador-delegado do Grupo Leya]
7.5.08
6.5.08
Maio de 68: cronologia
No site da Fundação Mário Soares podemos ver uma cronologia dos principais acontecimentos do Maio de 68.
5.5.08
4.5.08
Disco do ano (?)
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Valeu a pena esperar 7 anos por um novo disco de Camané. Sempre de Mim é magnífico, absolutamente imperdível.